David Cruz e Silva - O
percurso e a forma como este o levou a fundar a Hack & Hustle
O David tem tido um percurso ímpar. Licenciou-se
em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade Nova de Lisboa. Mais tarde tirou
duplo mestrado, em Engineering and Industrial Management, no IST (1 ano), e
em Business Engineering, na Université catholique de Louvain (1 ano),
tendo completado tanto a licenciatura como o mestrado com uma média fenomenal
de 17V. A partir do 3º ano, começou a estagiar na Novabase,
estágio este que foi conciliando com os estudos. Estar na Novabase permitiu-lhe
perceber a importância e o papel que se pode ter nas grandes empresas.
Segundo o David, o valor de um recém-graduado é questionar e trazer uma
perspetiva fresca à organização. É preciso ter uma atitude que
demonstre sentido crítico, mas sempre com vista a aprender, diz o David.
De
seguida, falamos de um aspeto que interessará sobremaneira aos meus
leitores: o modo como o sistema de
ensino e, nomeadamente, o ensino
universitário está estruturado. Na opinião do David,
na universidade há um foco demasiado grande nas hard skills (que se
podem aprender sempre, a qualquer altura do nosso percurso) e não se olha o suficiente ao
desenvolvimento das soft skills. O objetivo primordial, diz o mesmo,
é os alunos aprenderem! No entanto, segundo o David, existem características fulcrais que
se devem dominar quer sejamos um professor como um empresário, e até
na esfera pessoal, e que muitas vezes não se encontram nas universidades.
Um exemplo claro seria o desenvolvimento
do chamado EQ (Inteligência emocional). Também deve partir dos alunos uma visão
desta fase da sua vida diferente da que é perpetuada pela sociedade. Para o
David estudar por estudar não serve de nada: não adianta fazer um curso
sem um objetivo. É
muito importante definir tudo o que se pretende, tal como se nós
fossemos uma grande empresa: isto é, definir o nosso branding, a
nossa visão, missão e propósito, porque afinal, quando se faz as
coisas com um propósito, tudo tem outro sabor no final.
O próprio David corrobora esta ideia dizendo “Prefiro
uma pessoa para a minha empresa que se calhar após o 12º ano viajou durante 1
ano para descobrir o que realmente gostava e qual era o seu fit no mercado e,
em vez de fazer um curso, quando regressou até fez algo muito mais
específico porque é aquilo que realmente gosta. Afinal, essa pessoa não
terá horários, irá ter um engagement muito maior para com a empresa, irá
partilhar as nossas ideias e, mais do que tudo, terá um propósito.”
“É esse o desafio hoje em dia das empresas relativamente aos
Millennials: o engagement desta geração que tanto e de
forma tão rápida teve as coisas que quis”.
De seguida, abordamos outro assunto, agora relacionado
com o empreendedorismo e o mundo fascinante das startups. O David
afirmou que ser emprendedor e estar numa startup, atualmente, é
visto como algo “fixe”. “Mas depois, num recrutamento,
as primeiras perguntas que fazem são sobre o salário ou sobre o tempo de
férias... Isto não é ser empreendedor, é dizer-se empreendedor! Empreender
é ter um shared purpose.”
Muita da visão empresarial preconizada pelo David assenta
no facto de este acreditar que a capacidade do potencial não dominado
por cada um de nós pode mudar o futuro. Confessa-se sentir sortudo por,
desde muito novo, ter contactado com profissionais que lhe transmitiram a
importância de ter paixão pelo que se faz! Assim, David Cruz e Silva procura ajudar as pessoas a
encontrar o seu propósito e a estabelecer uma forma de o alcançar. Seguindo
esta linha de raciocínio, no futuro, pondera vir a entrar no mundo do Coaching
(sendo que o mundo do Venture Capital também lhe apraz bastante). “A partir
do momento em que há paixão, não há nada que te pare! É preciso tomar as rédeas
da nossa vida. Há desafios, há obstáculos, mas há algo muito maior do que isso:
a paixão pelo que fazemos!”
Como supracitado, o David esteve na
Bélgica aquando do seu mestrado em Business Engineering, que considera
muito importante para um Business Developer. Um Business Developer é um
profissional que desenvolve os negócios das empresas, seja qual for a área:
marketing, vendas, gestão de projetos, etc. Na opinião do David,
alguém que procura ser um Business Developer deve ter na sua tool-box muitas
hard skills: desde Contabilidade às Finanças, passando pelo Marketing, é
importante sentir-se confortável em qualquer área para poder abordar
os especialistas das mesmas e falar a “língua” deles.
Durante o seu duplo mestrado, começou a trabalhar
pro bono (isto é, voluntariamente e sem remuneração). Contactou PME´S
(Pequenas e Médias Empresas) e startups via Angel List, LinkedIn e Facebook,
enviando-lhes o seu personal branding, referindo como iria atuar na empresa em
questão e qual era o seu propósito, conseguindo uma carteira de clientes
considerável. Realizava todo o seu trabalho para estes clientes via Skype,
onde procurava mostrar valor e, mesmo para problemas para os quais ainda
não possuía o know-how necessário (visto estar a estudar), como trabalhava de
forma gratuita, pedia algumas semanas às empresas em questão para trabalhar
nesses problemas até se sentir apto a resolvê-los. Estagiou ainda na Cyrpa, uma
empresa que produzia e comercializava equipamentos para radioterapia.
Fundação da Hack & Hustle
Passado 1
ano e já depois de terminar o mestrado, enviou email às empresas onde
desenvolvia o seu trabalho a dizer que a partir daquela altura o
Business Development que faria seria pago. Nesta altura, co-fundou
a Hack & Hustle, sediada em Lisboa. Como alguns dos clientes para os
quais trabalhava gratuitamente quiseram continuar a contar com os seus préstimos,
desde início que a Hack & Hustle apresentou uma bom portfólio de clientes
para os quais desenvolvia o seu trabalho. Assim, a proatividade de
David Cruz e Silva permitiu-lhe criar a sua empresa e começar desde logo a
desenvolver projetos.
No início, a
Hack & Hustle era essencialmente uma empresa de execução e de suporte do
ponto de vista de Business Development e foi uma autêntica escola
("melhor do que qualquer faculdade") para o David, porque lhe
permitiu tornar-se muito conhecedor do mundo empresarial. Assim, o
David nomeia os 3 aspetos que considera fulcrais para se ter sucesso como
consultor:
- Tem que ser expert em alguma área e não
generalista;
- Tem que ter uma estratégia forte de
aquisição de clientes;
- É muito importante criar uma pipeline com uma lista de suspects, prospects, leads e customers, de forma a transformar possíveis clientes em clientes reais e concretos, isto é, de forma a aumentar a taxa de conversão de uma possível sinergia para um projeto real.
O trabalho desenvolvido com startups, o modo de atuação e as
formas de gerar profit
Nesta empresa onde é co-fundador, muito do
trabalho que o David desenvolve é com startups. Nestas, o David
procura incidir na criação de valor, principalmente junto dos
consumidores. Afinal, “O grande desafio das startups é como criar valor
face a grandes empresas que tem 10x ou 20x o teu budget.”
Mas qual é o modus operandi que tem estado por detrás do crescimento e do sucesso da Hack &
Hustle? Tudo começa quando uma startup está a contratar, logo,
quando há necessidade de certo tipo de competências para alavancar valor a
algum projeto. Se as pessoas que estas startups estão a contratar são
indivíduos com skills que o David ou a sua equipa possuem, o valor
acrescentado de contar com a colaboração da Hack & Hustle é a solução
multifacetada que a mesma providencia (porque em vez de ser uma só
pessoa a fazer o trabalho é uma equipa de pessoas) e de forma mais
barata do que normalmente custaria contratar 1,2,3 profissionais de
áreas distintas.
O David já trabalhou com clientes provenientes de
diversas partes do mundo, tais como Canadá, EUA, Hungria, França,
entre outros. Com todos estes projetos, adquiriu imenso know-how que aplica na empresa e, hoje em dia, existem várias maneiras de gerar lucro para
a Hack & Hustle, entre as quais:
- Continuamente aumentar a rede de networking, conhecer novas pessoas e dialogar com elas, surgindo daqui novas oportunidades de negócio. E, na mais comum das atividades mundanas, num simples café, pode surgir uma oportunidade de negócio. Recentemente, sentou-se com 2 indivíduos que conheceu via LinkedIn e um deles estava a lançar uma startup e confessava estar com alguma dificuldade na forma de abordar o mercado. Na hora, o David analisou o mercado e a empresa e disse ao seu colega o que considerava que este estava a fazer menos bem e onde podia melhorar. Esta free consultation teve um ótimo efeito no negócio do seu colega, cuja empresa se viria a tornar parceira da empresa do David.
- Fazer projetos internos e depois capitalizá-los e comercializá-los para o mercado.
O re-branding da Hack
& Hustle - O propósito, a Visão, o consumidor alvo e as vertentes de
atuação
Neste ano de 2017, a Hack & Hustle está a sofrer um re-branding. Este surge da necessidade de especialização da empresa, que
dantes, funcionava como consultora para qualquer tipo de organização. Atualmente,
procura funcionar como “Innovation House”. A origem da Hack
& Hustle está correlacionada com uma frase de Peter Drucker “If an
organisation is not able to innovate it faces decline and extinction”. “Por inovação entenda-se: Implementar (e
não pensar ou criar) uma nova solução para um problema e criar valor (tudo o
que os stakeholders, tipicamente os clientes, estejam dispostos a pagar é o que
se entende por ser valor)”. Atualmente, as diretrizes ao nível do Propósito e
da Visão da empresa são:
Propósito – “Nós
acreditamos em inovar para um mundo verdadeiramente sustentável. Inovação
Responsável é a única forma de incorporar efetivamente a “Triple bottom line”:
lucros (profits), pessoas (people) e ambiente (environment). A Inovação é
crucial na sobrevivência dos Negócios
mas é também fulcral na sobrevivência do nosso estilo de vida, hábitos e
até do planeta”.
Visão– Fortalecer organizações e indivíduos de
forma a inovarem e a alcançarem um crescimento sustentável. Como? Fazendo-o num
prisma de 3 vertentes:
·
O que é inovação?
·
Porque é que devemos inovar?
·
Como é que nós podemos inovar?
Mas qual é o consumidor alvo da Hack &
Hustle? “Os nossos clientes são
organizações que querem inovar. Desenvolvemos programas feitos à medida para
cada um deles. O nosso foco está agora em corporates que para inovar precisam
de ser tão ágeis quanto uma startup.”, afirmou David Cruz e Silva. As 2 vertentes de atuação da empresa são:
- A validação
do projeto;
- O desenvolvimento do projeto.
A Hack &
Hustle procura atuar sobretudo numa vertente de operacionalizar estes processos
da melhor forma possível, mais do que atuar a nível estratégico
(havendo, no entanto, casos em que atue nos dois níveis).
O Projeto mais recente - Blog Untamed Potential
De referir ainda que a Hack & Hustle
criou recentemente um novo Blog, chamado Untamed Potential, que está focado na
criação de valor para pessoas que estão a começar a aventura de serem
empreendedores ou que querem um dia fazê-lo. Neste blog, o David partilha a sua
experiência com startups e tenta ao máximo maximizar as hipóteses de sucesso
dos leitores e minimizar os riscos. Tem insights valiosos e por isso, caso o
queiram visitar, sigam o link: www.untamedpotential.com
A equipa Hack & Hustle
Por último, falta falar da equipa
Hack & Hustle, que é constituída pelo David e pelo
Cristovão, irmão do David, os 2 co-fundadores, e por uma
investigadora na área da Biomedicina e lead investor com experiência
internacional na Europa e América do Norte. A investigadora e o Cristovão (PHD
em Física de Partículas, que já trabalhou no CERN, muito experiente em new
product development nas áreas tecnológicas) têm elevado know-how técnico,
sendo que o David, que é o CEO, traz muito know-how
ao nível de gestão e da parte comercial. É sem dúvida uma equipa que
se complementa da melhor forma!
Conselho final do David e um ensinamento a retirar para o futuro
O David, no fim da conversa, deixou ainda um
conselho aos meus leitores: “O mais importante é querer evoluir sempre,
continuar sempre a tentar ser melhor, de forma humilde. Reconhecer sempre que
há espaço a melhorar e que esse é um caminho fulcral ao sucesso”.
Foi realmente espetacular conhecer o David e
toda a realidade da Hack & Hustle e,
por inerência, conhecer sem dúvida ao pormenor o mundo
das startups! É realmente interessante notar que esta oportunidade surgiu
de um simples pedido de conexão no LinkedIn e, daqui, queria também
deixar um conselho: por vezes, da mais ínfima conversa ou diálogo pode
surgir uma oportunidade esplêndida! Nunca ignorem/menorizem a
importância de dialogar com alguém. Só se não o fizerem é que sabem
que nada acontecerá. No entanto, se, por outro lado, o fizerem, tudo
pode acontecer: ao limite, do outro lado, poderá estar sempre um
potencial cliente/futuro colaborador/pessoa com a qual possam evoluir! Experimentem!
Até uma próxima leitura meus caros!
Sensacional!!
ResponderEliminarMuito obrigado Nykollas!
Eliminar