quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Smart Consulting – Delivering IT


Quando entrei na Smart Consulting, não pude deixar de me sentir acolhido. O espaço era muito agradável e um “Smartie” (o Nuno Brogueira) foi especialmente simpático comigo. Como é meu hábito, apareci na empresa 10 minutos antes da hora combinada e falei com um indivíduo, o Vasco, que estava na última fase do seu processo de recrutamento. A corroborar outras opiniões que já tinha tido acerca desta companhia, o Vasco descrevia-me uma excelente firma. Sabem quando têm elevadas expetativas acerca de algo e depois essa mesma coisa acaba por vos desiludir? Pois bem, não foi este, de todo, o caso! A visita e, principalmente, a conversa e os insights que a Isabel Condeça (que está à minha esquerda na fotografia final) partilhou comigo foram absolutamente extraordinários!

Comecei por abordar a função que a Isabel desempenha na Smart Consulting, HR Development Consultant, e o que essa mesma posição implica. Todos os dias na vida profissional de Isabel Condeça são diferentes, como esta relata com natural entusiasmo. A sua principal meta é encontrar talentos para a Smart, sendo ainda o suporte dos consultores e da equipa de gestão. Segundo a mesma, a firma preza muito a ligação com os consultores, partindo da própria empresa a iniciativa para manter tal relação. A Smart faz questão de ir aos escritórios dos clientes onde estão os consultores e procura mesmo estar com os seus colaboradores. Grande parte destas funções são desempenhadas pela equipa de RH e pelos managers. 

A Isabel é uma das responsáveis pelo recrutamento na Smart e tudo o que esta tarefa tem subjacente: ir à procura das pessoas certas e entrevistá-las posteriormente, bem como construir uma base de dados repleta dos melhores talentos. A principal ferramenta utilizada é o LinkedIn, onde procura os indivíduos mais promissores, bem como referências. Na Smart, cada pessoa de RH tem algumas funções diferentes. No caso da Isabel, da função fazem também parte tarefas como ministrar workshops nas faculdades a jovens. A Smart Consulting, como os leitores terão oportunidade de confirmar, aposta mesmo nas relações interpessoais. Parafraseando Isabel “Não o fazemos por sermos fixes, embora o sejamos. Fazemos para tentar criar um ambiente familiar”.

Esta excelente profissional descreve a entidade em que labora como uma empresa informalmente séria, na qual há rigor e onde sabem “separar bem as águas” entre os momentos de descontração e a seriedade no trabalho. Um exemplo elucidativo é a diferença entre as publicações no Facebook e no LinkedIn da Smart. No Facebook é realçada a faceta mais divertida e mais descontraída da empresa. No LinkedIn há maior rigor no que é transmitido ao público do outro lado do ecrã. Outro exemplo ainda é o sentimento que os “Smarties” partilham por fazerem parte desta instituição de valor: todos se sentem confortáveis nesta empresa, mas nunca se desleixam no seu ofício! Aliás e, desenvolvendo este ponto, é de referir que todos são muito preocupados com a competência do trabalho que realizam e com a consequente imagem da empresa. Quando falam com alguém, acontece de forma natural sentirem que estão a representar a ótima firma onde laboram.

É uma empresa que claramente está em crescendo e, por isso mesmo, sente agora a necessidade de reforçar a equipa de Gestão e de Recursos Humanos. Segundo a Isabel, “A política de recrutamento é como um namoro: precisamos de conhecer bem a pessoa antes de ela entrar na família”. De seguida, Isabel Condeça deu-me um exemplo deveras interessante, de um possível recrutamento: imaginemos duas pessoas, a pessoa A e a pessoa B. O indivíduo A tem mais competências técnicas que o seu “concorrente”; no entanto, o indivíduo B, apesar de possuir menos competências a nível técnico, é dotado de mais soft skills. A Isabel afirma que na maioria das situações a escolha recairá muito mais facilmente na segunda pessoa. Não obstante, não se pense que na Smart se procuram pessoas pré-formatadas, antes pelo contrário! Nesta empresa os RH estão cientes de que existem diferenças de parte a parte, mas na Smart essas diferenças valorizam-se: o que importa é todos fazerem parte de uma grande família!

Debruçando-me agora sobre o percurso profissional da Isabel, ela licenciou-se em Jornalismo. Sempre adorou, enquanto jornalista, que as pessoas lhe dissessem algo para o qual ela não tinha feito perguntas, revelando uma veia de querer saber, querer descobrir, mesmo sem inquirir nesse sentido. No entanto, mais tarde, optou por sair da área por falta de horizontes. Entretanto, após tirar um certificado que lhe permitia dar formações e de ter começado a trabalhar nesse sentido, começou a sentir que gostava imenso do que estas formações (maioritariamente acerca de comunicação, gestão de tempo e gestão de conflitos nas empresas) lhe ofereciam. Admitiu que foi a decisão mais difícil que teve de tomar ao longo da sua carreira porque, inicialmente, era difícil não ver esta deliberação como uma desistência e não encarar esta tomada de decisão como baixar os braços. No entanto, reconheceu que não estava a baixar os braços para si enquanto profissional e foi isso que a fez prosseguir sem olhar para trás. Acima de tudo, aconselha a que todos os jovens procurem dar mais importância à carreira do que propriamente à área de formação. Afinal, fazer um shift-reset é um passo que, por vezes, se tem de dar.

Nessa altura, saiu do Alentejo e veio para Lisboa, apostando decididamente nesta vertente. Ao fim de uma semana foi nomeada supervisora e, ao fim de um ano, passou para formadora (na PT). No entanto, devido a uma reestruturação na PT, saiu da empresa. Mais tarde, num jantar de amigos, ouviu falar de uma oportunidade na Smart, que via com bons olhos. Apesar de nunca ter trabalhado na área de IT, não desistiu desta chance e deu o seu melhor. Confessou-me que durante a semana, após ter ido à entrevista, o nervosismo foi algo bastante presente, como é natural. 

Revelou que, no início, a experiência foi assustadora por nunca ter estado ligada à área das Tecnologias de Informação e que foram precisos pelo menos 6 meses para se considerar minimamente confortável com as diversas questões técnicas que lhe podiam surgir. 

Na atualidade, sente-se completamente realizada com a sua profissão, que lhe permite falar todos os dias com pessoas novas e aprender com as diferenças de cada uma (eram estes os fatores, aliás, que sempre a arrebataram no domínio do jornalismo). Considera que, no meio em que labuta, a empatia é fundamental e pode funcionar também como fator de retenção. Aprecia imenso aprender conceitos novos e hoje em dia adora o IT. Afirma que, mesmo que lhe surgissem agora oportunidades no mundo do jornalismo, já não voltava a esse campo.

Quando lhe perguntei se seria necessário ser-se um expert na área tecnológica para, atualmente, fazer parte da Smart Consulting, a Isabel foi perentória: não, de todo. Acima de tudo, é preciso sim haver proatividade em querer fazer acontecer. Ilustrando o que foi agora referido, no seu início na Smart, sempre que lhe aparecia um nome de uma tecnologia nova, a Isabel fazia questão de perguntar a especialistas na área, aos colegas, e de pesquisar. Afinal não nos esqueçamos de um facto: a única pessoa que até hoje foi distinguida com dois Prémios Nobel em categorias científicas diferentes (Física e Química), Marie Curie, dizia “Nada na vida é para ser temido, apenas sim para ser compreendido”. Aplicando esta declaração neste caso específico, não nos devemos amedrontar por coisa alguma (nem que seja falta de conhecimento), devemos sim procurar saber mais e ultrapassar esse desconhecimento.

Segundo a Isabel, é preciso ter a noção que, nos dias que correm, as empresas é que têm que ir procurar pelas melhores pessoas do mercado. Obviamente que a grande maioria vêm até às instituições mas os que são realmente bons podem dar-se ao “luxo” de serem eles a escolher. Na sua opinião, são três os fatores que hoje em dia mais contribuem para a retenção da população juvenil: plano de carreira, aposta na formação e aposta na evolução dos colaboradores.

Relativamente ao posicionamento da Smart perante os jovens, e falando especificamente no programa Smart Management Trainees, as características que poderão fazer com que os leitores, no futuro, se diferenciem dos demais são: primeiro que tudo, vontade em iniciar uma carreira com 3 vertentes, sendo estas a vertente comercial, de recrutamento e gestão de carreiras e de oportunidades (sem dúvida que não é uma tarefa trivial, é algo bastante complexo); em segundo lugar, os candidatos terão que apresentar muita garra e, em simultâneo, é fulcral serem pessoas goal-oriented, até porque terão certos desafios a atingir; para além disso, qualidades como saber trabalhar sobre pressão (24 horas parecerão sempre pouco), gestão de tempo e capacidade de saber gerir emoções são primordiais; e, por último, é importante gostar de pessoas e saber o tipo de compromisso para o qual se está a procurar entrar. A Smart não exige que os interessados tenham muita experiência mas também não quer contar com alguém para simplesmente meio ano. Têm objetivos de carreira muito bem traçados e todos sabem qual é o caminho a seguir e que metas são necessárias atingir para se aspirar a voos mais altos dentro desta firma (como podem ver no site da Smart, na parte do Smart Progress, localizada no separador “Carreiras”), o que só realça a transparência que abunda nesta casa. Todos, sem exceção, têm sempre por onde crescer dentro desta incrível organização e todos têm um contributo especial a dar a esta equipa. Quanto à própria evolução, esta é claramente possível e é conhecida à partida, sendo que este programa recente (este ano foi a sua 2ª edição) está estipulado para 9 meses. No entanto, se os objetivos forem atingidos mais cedo e com sucesso, a pessoa começa de imediato a laborar na Smart Consulting, como é o caso do João Oliveira, um trainee do ano anterior. O João, que tinha como meta nos primeiros 5 meses ter uma equipa de 5 consultores, conseguiu, neste espaço temporal, uma equipa de 14 consultores. Esse mérito foi reconhecido pela Smart e, presentemente, o João é mais um elemento desta grande família. Mas, acima de tudo, o que os leitores devem reter é mesmo a capacidade de fazer acontecer. Segundo Isabel Condeça, esse é mesmo um aspeto essencial e é uma das filosofias preconizadas pela corporação.

Detalhando agora mais pormenores acerca da forma como a Smart estrutura o seu negócio, das 3 grandes áreas de atuação (Outsourcing, Nearshoring e Project Management), a empresa, apesar de procurar uma integração deste trio, tem como core business o outsourcing, até devido à abertura do próprio mercado a esta área. Recentemente começaram a apostar com maior incidência no Nearshoring e, no futuro, o objetivo será ter os três campos de atuação no mesmo patamar. Na Smart, apenas trabalham com as áreas de Engenharia de Telecomunicações e de Engenharia Informática.

A Smart tem um portfólio de parceiros fenomenal, de onde se destacam o BNP Paribas, a TAP, a Accenture, a Alcatel-Lucent, a Deco Proteste, entre outros. Segundo a Isabel, o “segredo” são as pessoas da Smart: são elas que fazem a diferença, por serem profissionais com bom conhecimento técnico e, indubitavelmente, boas pessoas. A Smart Consulting está na frente na forma de trabalhar e de lidar com as pessoas: o fator diferenciador reside no relacionamento pessoal que esta entidade constrói com os seus clientes. A Isabel classifica a Smart como um parceiro incontornável de negócios, afirmando ainda que a organização onde labora busca tornar-se a consultora mais confiável no mercado.

Nesta magnífica companhia, quando envolvem um profissional na empresa, estão a envolver, mesmo que indiretamente, a sua família também. Aliás e, como me referi agora à família, deixem-me destacar uma iniciativa característica desta organização que me pareceu “deliciosa”: no Dia da Criança oferecem presentes aos filhos de todos os consultores, para além de existir um bolo recheado de Smarties! Mas a valorização humana não pára por aqui! Todos os consultores têm um dia ao longo do ano em que chegam ao trabalho e têm um pacotinho de Smarties e um cartão personalizado a agradecer-lhes por fazerem parte desta grande equipa! Que extraordinária valorização do capital humano! De referir ainda que, para facilitar a comunicação interna, existe uma plataforma onde todos dialogam (denominada Slack) sobre os mais diversos assuntos, desde trabalho até a um simples “Bom dia!”. São realmente estes pormenores que fazem toda a diferença.

Abordando agora o funcionamento do programa Smart Mentoring, basicamente consiste numa iniciativa em que o business manager acompanha o consultor que acabou de entrar na empresa. Recebê-lo na companhia, mostrar-lhe as instalações, ajudá-lo a conhecer a equipa e fazê-lo sentir-se familiarizado são algumas das tarefas desempenhadas por estes profissionais da casa. Desta forma, os “novatos” não se sentem de forma alguma perdidos, conhecem os mais diversificados elementos das mais variadas áreas e funções e começam, lentamente, a sentir-se parte da Smart Consulting.

Em termos de formação disponibilizada aos seus colaboradores, na Smart recorrem a uma empresa externa. De 6 em 6 meses, há um questionário realizado a cada um dos elementos da empresa. Dos resultados apurados, escolhem-se os mais selecionados (normalmente, as áreas linguísticas aparecem no topo). Já a nível interno, existem as Smart sessions (de mês a mês), que são realizadas numa base mais informal. O tema é escolhido pelos colaboradores e tanto pode ser sobre o trabalho que cada um exerce como sobre um hobby.

Internacionalmente, o objetivo passa por ter a “pegada” Smart o mais mundializada possível, por abrir o espetro de possibilidades, sendo que não se procuram cingir só à Europa. Apesar de a Isabel concordar que é bom haver uma meta a atingir, também considera que devemos procurar não nos focarmos em demasia no objetivo, de forma a tentar suplantá-lo. Fazendo um paralelo com a faculdade, é como se procurássemos “estudar para o 22”, isto é, delineamos objetivos altíssimos (e até inalcançáveis) e vamos até ao nosso limite.

Para o ano corrente de 2016, que tem sido e prevê-se que continue a ser um ano de franco crescimento, o objetivo é faturar 6M de euros (mais 2M do que em 2015) e aumentar o número de colaboradores em 3 dezenas, dos 110 atuais para 140. Para além disto, as instalações irão ser ampliadas (a Smart vai ocupar também o andar de baixo). Na Smart Consulting têm todos bem presente a ideia de que a manutenção do ambiente será sempre um aspeto vital, independentemente do crescimento. Aliado a este desejo, a identidade da empresa também se alicerça em procurar manter a corporação o mais humana possível.

Numa questão mais relacionada com a minha faculdade, a Isabel referiu que vê o ISCTE-IUL como uma academia de referência, afirmando ainda que a Smart já esteve presente no campus e que muitos ”Smarties” são ex-alunos da IBS (ISCTE Business School).

De realçar ainda que a Smart foi recentemente distinguida pela Junior Empresa IJC (ISCTE Junior Consulting) devido ao capital intelectual que apresenta. Foram ainda eleitos como a 11ª Empresa de Excelência no Trabalho em Portugal e, não há muito tempo, alcançaram o 7º lugar em 209 empresas num estudo realizado pela “Hapiness Works 2016”. Obviamente que o reconhecimento é sempre recebido de uma forma agradável por todos, mas a Isabel referiu que o que realmente importa não são os prémios mas sim estar a funcionar o modelo que a Smart aplica diariamente na sua forma de estar nos negócios!

Por último, gostaria de destacar que ainda troquei umas breves impressões com a Ana Costa Branco (que está à minha direita na fotografia final), HR & Talent Acquisition Manager e, do que falámos, deu para ver que estava em perfeita sintonia com a Isabel, quer na simpatia demonstrada quer na forma como perceciona a Smart Consulting e o futuro da empresa.

Por fim, queria apenas destacar o quão significativa e gratificante foi esta visita para mim! Foi seguramente uma iniciativa que me permitiu tornar-me mais Smart, a todos os níveis! Um enorme obrigado às duas colegas que me receberam e aos restantes “Smarties”! Muito muito obrigado!

Caso queiram saber mais informações acerca da Smart Consulting, aqui fica o link do seu site: http://www.smartconsulting.pt/

Até uma próxima leitura meus caros!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Ericsson – A world of communication

Assim que entrei na Ericsson, vi-me mergulhado numa atmosfera onde se “respirava” inovação. Após esse impacto inicial, causado seja pela parede onde estava refletida a frase “Shaping the Networked Society”, seja por um cartão onde dizia “ We know that the greatest changes are yet to come. We will not only be part of these transformative movements, we will lead them” ou simplesmente pela própria cultura que se vivia na empresa, dei por mim estupefacto pela simpatia de todos os que iam passando por mim. Mais um mito associado a grandes empresas que está completamente desfasado da realidade: neste tipo de corporações, também há pessoas afáveis e educadas para todos, seja para o CEO da entidade ou para um simples jovem, ávido de conhecer o mundo empresarial.

Tive a oportunidade incrível de dialogar com o Business Controller Iberia, Carlos Oliveira, um profissional excelente que se mostrou sempre disponível em ajudar-me e em esclarecer todas as questões que eu tive ao longo da minha visita. Um forte obrigado ao Carlos pela forma como me recebeu!

Começámos por abordar a posição que o Carlos tinha na empresa e as funções que lhe estavam subjacentes. Soube então que um Business Controller está responsável pela área de gestão financeira sendo que, de firma para firma, algumas das funções variam. Na Ericsson, o Carlos acaba por ser o diretor financeiro das áreas de negócios, que estão divididas por geografias e estas por clientes. Basicamente, pode-se dizer que é um CFO (Chief Financial Officer) de alguns clientes de Portugal e de Espanha (daí o Iberia).

Carlos Oliveira licenciou-se em Organização e Gestão de Empresas (curso que atualmente é denominado de Gestão), com especialização em Finanças, no ISCTE-IUL. Iniciou a sua carreira na KPMG, uma vez que queria experimentar o mundo da auditoria. Permaneceu nesta entidade 5 anos e, ao fim desta meia decáda pensou que, se continuasse, iria ter que se focar intensamente nesta área. Assim preferiu olhar para este primeiro emprego como um excelente local de aprendizagem e, terminada a mesma, rumou à Motorola, que na altura procurava um diretor financeiro. Permaneceu na multinacional americana 2 anos e meio, sensivelmente, e ao fim desse período temporal foi recrutado por uma empresa de Executive Search e ingressou na Ericsson.

Na empresa sueca, Carlos Oliveira tem tido um percurso marcado pela ascensão progressiva! O Carlos revelou-me que não há nenhum segredo em particular para ter chegado a esta posição. Destacou, porém, as capacidades técnicas de que é dono, a forma como se integrou na empresa e como se relaciona com os stakeholders. Para além disso, não deixou de realçar a maneira como procura perspetivar e resolver os problemas com os quais se depara, bem como a importância do Networking e a disponibilidade que sempre demonstrou para trabalhar.

De seguida, dialogámos acerca da Ericsson e do mercado em que está inserida. Sendo a Ericsson uma empresa de origem sueca, naturalmente, aplica muitas diretrizes do trabalho nórdico. Apesar de a filosofia de trabalho ter vindo a evoluir muito ao longo dos 140 anos de existência desta enorme instituição, o respeito pelas pessoas, a estrutura muito “flat” em termos de hierarquias (procurando alcançar-se uma comunicação o mais horizontal possível) e a responsabilidade que é dada a cada colaborador são marcas bem vincadas desta corporação. Exemplificando, se a Sra. da Receção quiser ir falar com o Presidente, vai e bate à porta: é tão simples quanto isso. Em termos do ambiente que é vivido nas horas de expediente, na Ericsson trabalha-se em open space, promovendo-se uma cultura de porta aberta, onde se dá valor a pessoas capazes de comunicar.

O facto de ter “nascido” há quase século e meio e continuar a obter tantos sucessos só revela a capacidade desta companhia se adaptar às exigências impostas pelo mercado. Atualmente, os clientes da Ericsson não são mass-market, são clientes empresariais, sendo que o portfólio de serviços/produtos da entidade sueca tem vindo a reestruturar-se com o passar dos anos.

A Ericsson é a líder global em telecomunicações, ocupando ainda o 5º posto ao nível de fornecimento de software. Tem clientes em 180 países, emprega mais de 110 000 pessoas no mundo inteiro e possui mais de 2 biliões de utilizadores das suas redes. Em Portugal, foi eleita em 2014 e em 2015 como a melhor empresa para trabalhar, segundo a revista Exame. Segundo o Carlos, só se chega ao topo e a esta excelência com muito investimento em R&D (Research and Development) e mantendo sempre uma proximidade muito estreita com os clientes. O Carlos referiu ainda os 3 valores essenciais nesta empresa: o profissionalismo, a perseverança e o respeito.

Os fatores críticos de sucesso neste mercado são, indubitavelmente, a inovação e a proximidade com os clientes (que resulta em saber ouvir e perceber as necessidades dos mesmos, trazer esse input para dentro da corporação e posteriormente responder a estas mesmas necessidades). Afinal, um dos “mantras” neste mercado é “O cliente tem sempre razão” e, diz o Carlos, “Mais do que conseguir vender aos clientes, estes compram e temos que lhes oferecer o que realmente eles procuram adquirir”. Estando, tal como foi supracitado, no mercado das empresas, a Ericsson trabalha com planos de investimento geralmente alargados (rondam os 3 ou 4 anos).

Utilizando uma interessantíssima analogia, o Carlos diz que na Ericsson existe um Road Map dos produtos, isto é, estão a entregar um produto agora mas, daqui a 6 meses o próprio produto evolui nesta direção, daqui a 1 ano naquela e por aí adiante, mediante o feedback recebido. Assim, o R&D é permanentemente influenciado pelos inputs dos clientes, procurando ouvir o mercado e fazer pequenas correções, sem nunca executar mudanças dramáticas.

A Ericsson dispõe de múltiplas ofertas para as mais diversificadas indústrias: cidades sustentáveis inteligentes, transportes, segurança pública, utilities, imobiliária, entre outras. Abarcando uma tão vasta gama de indústrias, o Carlos refere como ponto comum o facto da Ericsson trazer as suas competências nas tecnologias de informação e comunicação móveis para todos os projetos, para além de possuir infraestruturas e um conhecimento nestas áreas notável. Muitos destes casos são soluções feitas à medida. Apesar de em alguns mercados (como o dos serviços e instalações tecnológicas) haver uma miríade de empresas a competir, os “fatores X” da Ericsson são a sua experiência, o seu know-how e a sua presença global.

Ainda acerca do mercado, 5G e Cloud são as tecnologias que no futuro irão criar buzz no mundo digital, uma vez que permitirão conceber a visão da IoT (Internet of Things), possibilitando cada vez mais tornar real um mundo totalmente conectado (a dita Networked Society). Para quem não domina estes termos, a IoT irá permitir a comunicação entre as máquinas, facilitando a interação dos objetos do mundo real com o mundo virtual através de sensores. Dando um exemplo, o frigorífico do leitor poderá estar ligado ao telemóvel e avisa-o quando o leite estiver prestes a acabar. Perspetiva-se que, no futuro, a IoT dê um “boom” com proporções nada menos que gigantescas. 5G é a quinta geração da Internet Móvel, que irá propiciar a IoT, uma vez que e utilizando um chavão próprio deste meio “Tudo aquilo que possa beneficiar de ser conectado vai ser conectado”. O 5G reduz a latência, que basicamente é o tempo que o dispositivo demora a executar algo. Por último, o conceito de Cloud viabiliza a centralização de infraestruturas a nível dos clientes.

A evolução tecnológica tem sido incrível! Há duas décadas atrás, havia 1 bilião de sítios (físicos) conectados, porém, era através de fios (subterrâneos, submarinos e aéreos) e não usando comunicações móveis. Há 10 anos atrás havia 5 biliões de pessoas conectadas. No futuro, haverão 50 biliões de “things” conectadas. É fenomenal!

Nesta corporação, existe um foco muito grande na Responsabilidade Social. Não existe um programa definido mas possuem uma área que por iniciativa própria (ou por solicitação de associações) procura envolver os colaboradores e respetivas famílias neste tipo de atividades. Desde limpeza de praias a recolha de alimentos e/ou roupas e recolha de prendas para os sem-abrigo, passando por campanhas que visam colectar materiais para a escola, na Ericsson procura-se alcançar um impacto positivo no mundo. Este tipo de projetos traz duas vantagens: primeiro, o mercado sente cada vez mais o apelo para realizar empreendimentos desta natureza; segundo e o mais importante é que o nível de ligação dos colaboradores com a entidade (a nível de “engagement”, de compromisso com a firma empregadora) cresce com este tipo de atitudes, uma vez que é recompensador sentir que a companhia procura conciliar o lucro com o bem estar dos indivíduos.

Na Ericsson é preconizada a ideia de que a inclusão e a diversidade cultural da empresa são extremamente benéficas para a própria, sendo fatores essenciais no sucesso da firma. O Carlos não podia estar mais de acordo, referindo que o facto de incorporarem na cultura nórdica formas de pensar latinas, chinesas, africanas (entre outras), para além da heterogeneidade de géneros (masculino e feminino) acabam por ser mais-valias em qualquer organização, sendo uma alavanca relevante para a evolução constante.

Relativamente a oportunidades para a população juvenil, a Ericsson sempre teve um programa de traineership (em que os participantes são remunerados), uma vez que é algo que faz parte da própria filosofia preconizada pela entidade. No entanto, este tipo de iniciativas está ligado aos ciclos de negócios, isto é, se a empresa estiver numa fase marcada pela expansão, irá haver mais budget (e é mais fácil, nestes casos, existirem mais programas desta cariz). Normalmente ocorrem em parceria com universidades chave, tais como o IST (Instituto Superior Técnico), a FCT NOVA (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa) e ainda com algumas faculdades da zona de Aveiro. A questão é que neste momento esta companhia encontra-se numa fase de menor crescimento e, portanto, este tipo de iniciativas não existem. Importa ainda referir que 90% dos novos trabalhadores desta enorme empresa vêm de campos como Engenharias, Telecomunicações e Informática.

Falámos ainda acerca do “modus operandi” da empresa nórdica no que concerne à formação dos seus colaboradores: neste momento, existe um site de formações para os colaboradores da Ericsson (com centenas senão mesmo milhares de cursos). Este site, para além dos cursos propriamente ditos, integra os documentos de acolhimento da instituição, que auxiliam imenso os indivíduos que recentemente se juntaram à firma. Para além disto, existe, naturalmente, o “on the job training”, sempre com o suporte quer dos colegas quer da própria entidade empregadora. Ao longo da carreira, esse conceito de formação permanece e acompanha a evolução dos trabalhadores. Exemplificando, a Ericsson estimula e auxilia financeiramente os colaboradores que queiram prosseguir os estudos em Mestrados, Pós-Graduações ou MBA´s (Masters of Business Administration).

Por último, questionei ainda o Carlos acerca do maior desafio profissional que a sua vida já lhe tinha colocado e como é que o tinha conseguido ultrapassar. Contou-me que há cerca de uma dúzia de anos atrás, teve 2 filhas, num espaço temporal de 18 meses. Nesta mesma altura, começou a ter responsabilidades ao nível ibérico, o que implicava muitas viagens a Espanha, passando diversas vezes semanas inteiras em Madrid. Confessou-me que não foi fácil estar longe, deixando 2 bebés em casa. No entanto e, felizmente, mais tarde abriu-se uma vaga dentro da Ericsson Portugal que, em termos logísticos, era compatível. O Carlos deixou aqui um conselho para todos os leitores: é sempre muito importante, antes de tomar decisões deste género, fazer o trade off entre a vida pessoal e as perspetivas de carreira.

Finalizando, queria agradecer mais uma vez ao Carlos, não só pela simpatia que teve para comigo mas acima de tudo pela oportunidade brilhante que me concedeu! É absolutamente sensacional visitar uma empresa que chega a mais de 2 biliões de pessoas, espalhadas pelo globo inteiro. Afinal, no fim do dia, arrisco-me a dizer que todos nós, de certa forma, já sentimos a influência da Ericsson nas nossas vidas. É indubitavelmente uma instituição ímpar e foi para mim um enorme prazer conhecê-la!

Até uma próxima leitura meus caros!