sábado, 24 de junho de 2017

David Cruz e Silva – Hack & Hustle e a capacidade de impactar empresas e pessoas

David Cruz e Silva - O percurso e a forma como este o levou a fundar a Hack & Hustle

Recentemente, tive a oportunidade de estabelecer um diálogo fenomenal com o David Cruz e Silva. Conheci-o no Verão passado via LinkedIn e começamos a dialogar, até percebermos que seria muito interessante realizar um artigo acerca do David e da Hack & Hustle para o meu blog “Discovering the Business World”. O David é um Innovator & Business Developer que partilhou comigo alguns insights que considero absolutamente valiosos, principalmente para qualquer jovem que tenha como objetivo um dia impactar o mundo/a sociedade/pessoas através de mudanças operadas com base no seu talento, conhecimentos e competências.

O David tem tido um percurso ímparLicenciou-se em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade Nova de Lisboa. Mais tarde tirou duplo mestrado, em Engineering and Industrial Management, no IST (1 ano), e em Business Engineering, na Université catholique de Louvain (1 ano), tendo completado tanto a licenciatura como o mestrado com uma média fenomenal de 17V. A partir do 3º anocomeçou a estagiar na Novabase, estágio este que foi conciliando com os estudos. Estar na Novabase permitiu-lhe perceber a importância e o papel que se pode ter nas grandes empresas. Segundo o David, o valor de um recém-graduado é questionar e trazer uma perspetiva fresca à organização. É preciso ter uma atitude que demonstre sentido crítico, mas sempre com vista a aprender, diz o David.

De seguida, falamos de um aspeto que interessará sobremaneira aos meus leitores: o modo como o sistema de ensino e, nomeadamente, o ensino universitário está estruturado. Na opinião do David, na universidade há um foco demasiado grande nas hard skills (que se podem aprender sempre, a qualquer altura do nosso percurso) e não se olha o suficiente ao desenvolvimento das soft skills. O objetivo primordial, diz o mesmo, é os alunos aprenderem! No entanto, segundo o David, existem características fulcrais que se devem dominar quer sejamos um professor como um empresário, e até na esfera pessoal, e que muitas vezes não se encontram nas universidades. Um exemplo claro seria o desenvolvimento do chamado EQ (Inteligência emocional). Também deve partir dos alunos uma visão desta fase da sua vida diferente da que é perpetuada pela sociedade. Para o David estudar por estudar não serve de nada: não adianta fazer um curso sem um objetivo. É muito importante definir tudo o que se pretende, tal como se nós fossemos uma grande empresa: isto é, definir o nosso branding, a nossa visão, missão e propósito, porque afinal, quando se faz as coisas com um propósito, tudo tem outro sabor no final.

O próprio David corrobora esta ideia dizendo “Prefiro uma pessoa para a minha empresa que se calhar após o 12º ano viajou durante 1 ano para descobrir o que realmente gostava e qual era o seu fit no mercado e, em vez de fazer um curso, quando regressou até fez algo muito mais específico porque é aquilo que realmente gosta. Afinal, essa pessoa não terá horários, irá ter um engagement muito maior para com a empresa, irá partilhar as nossas ideias e, mais do que tudo, terá um propósito.” “É esse o desafio hoje em dia das empresas relativamente aos Millennialso engagement desta geração que tanto e de forma tão rápida teve as coisas que quis”.

De seguida, abordamos outro assunto, agora relacionado com o empreendedorismo e o mundo fascinante das startups. O David afirmou que ser emprendedor e estar numa startup, atualmente, é visto como algo “fixe”. “Mas depois, num recrutamento, as primeiras perguntas que fazem são sobre o salário ou sobre o tempo de férias... Isto não é ser empreendedor, é dizer-se empreendedorEmpreender é ter um shared purpose.”

Muita da visão empresarial preconizada pelo David assenta no facto de este acreditar que a capacidade do potencial não dominado por cada um de nós pode mudar o futuro. Confessa-se sentir sortudo por, desde muito novo, ter contactado com profissionais que lhe transmitiram a importância de ter paixão pelo que se faz! Assim, David Cruz e Silva procura ajudar as pessoas a encontrar o seu propósito e a estabelecer uma forma de o alcançar. Seguindo esta linha de raciocínio, no futuro, pondera vir a entrar no mundo do Coaching (sendo que o mundo do Venture Capital também lhe apraz bastante). “A partir do momento em que há paixão, não há nada que te pare! É preciso tomar as rédeas da nossa vida. Há desafios, há obstáculos, mas há algo muito maior do que isso: a paixão pelo que fazemos!

Como supracitado, o David esteve na Bélgica aquando do seu mestrado em Business Engineering, que considera muito importante para um Business Developer. Um Business Developer é um profissional que desenvolve os negócios das empresas, seja qual for a área: marketing, vendas, gestão de projetos, etc. Na opinião do David, alguém que procura ser um Business Developer deve ter na sua tool-box muitas hard skills: desde Contabilidade às Finanças, passando pelo Marketing, é importante sentir-se confortável em qualquer área para poder abordar os especialistas das mesmas e falar a “língua” deles.

Durante o seu duplo mestrado, começou a trabalhar pro bono (isto é, voluntariamente e sem remuneração). Contactou PME´S (Pequenas e Médias Empresas) e startups via Angel List, LinkedIn e Facebook, enviando-lhes o seu personal branding, referindo como iria atuar na empresa em questão e qual era o seu propósito, conseguindo uma carteira de clientes considerável. Realizava todo o seu trabalho para estes clientes via Skype, onde procurava mostrar valor e, mesmo para problemas para os quais ainda não possuía o know-how necessário (visto estar a estudar), como trabalhava de forma gratuita, pedia algumas semanas às empresas em questão para trabalhar nesses problemas até se sentir apto a resolvê-los. Estagiou ainda na Cyrpa, uma empresa que produzia e comercializava equipamentos para radioterapia.

Fundação da Hack & Hustle

Passado 1 ano e já depois de terminar o mestrado, enviou email às empresas onde desenvolvia o seu trabalho a dizer que a partir daquela altura o Business Development que faria seria pagoNesta altura, co-fundou a Hack & Hustle, sediada em Lisboa. Como alguns dos clientes para os quais trabalhava gratuitamente quiseram continuar a contar com os seus préstimos, desde início que a Hack & Hustle apresentou uma bom portfólio de clientes para os quais desenvolvia o seu trabalho. Assim, a proatividade de David Cruz e Silva permitiu-lhe criar a sua empresa e começar desde logo a desenvolver projetos.

No início, a Hack & Hustle era essencialmente uma empresa de execução e de suporte do ponto de vista de Business Development e foi uma autêntica escola ("melhor do que qualquer faculdade") para o David, porque lhe permitiu tornar-se muito conhecedor do mundo empresarial. Assim, o David nomeia os 3 aspetos que considera fulcrais para se ter sucesso como consultor:

  1. Tem que ser expert em alguma área e não generalista;
  2. Tem que ter uma estratégia forte de aquisição de clientes;
  3. É muito importante criar uma pipeline com uma lista de suspects, prospects, leads e customers, de forma a transformar possíveis clientes em clientes reais e concretos, isto é, de forma a aumentar a taxa de conversão de uma possível sinergia para um projeto real.
O trabalho desenvolvido com startups, o modo de atuação e as formas de gerar profit

Nesta empresa onde é co-fundador, muito do trabalho que o David desenvolve é com startups. Nestas, o David procura incidir na criação de valor, principalmente junto dos consumidores. Afinal, “O grande desafio das startups é como criar valor face a grandes empresas que tem 10x ou 20x o teu budget.

Mas qual é o modus operandi que tem estado por detrás do crescimento e do sucesso da Hack & Hustle? Tudo começa quando uma startup está a contratar, logo, quando há necessidade de certo tipo de competências para alavancar valor a algum projeto. Se as pessoas que estas startups estão a contratar são indivíduos com skills que o David ou a sua equipa possuem, o valor acrescentado de contar com a colaboração da Hack & Hustle é a solução multifacetada que a mesma providencia (porque em vez de ser uma só pessoa a fazer o trabalho é uma equipa de pessoas) e de forma mais barata do que normalmente custaria contratar 1,2,3 profissionais de áreas distintas.

O David já trabalhou com clientes provenientes de diversas partes do mundo, tais como Canadá, EUA, Hungria, França, entre outros. Com todos estes projetos, adquiriu imenso know-how que aplica na empresa e, hoje em dia, existem várias maneiras de gerar lucro para a Hack & Hustle, entre as quais:
  1. Continuamente aumentar a rede de networking, conhecer novas pessoas e dialogar com elas, surgindo daqui novas oportunidades de negócio. E, na mais comum das atividades mundanas, num simples café, pode surgir uma oportunidade de negócio. Recentemente, sentou-se com 2 indivíduos que conheceu via LinkedIn e um deles estava a lançar uma startup e confessava estar com alguma dificuldade na forma de abordar o mercado. Na hora, o David analisou o mercado e a empresa e disse ao seu colega o que considerava que este estava a fazer menos bem e onde podia melhorar. Esta free consultation teve um ótimo efeito no negócio do seu colega, cuja empresa se viria a tornar parceira da empresa do David.
  2. Fazer projetos internos e depois capitalizá-los e comercializá-los para o mercado.

O re-branding da Hack & Hustle - O propósito, a Visão, o consumidor alvo e as vertentes de atuação

Neste ano de 2017, a Hack & Hustle está a sofrer um re-branding. Este surge da necessidade de especialização da empresa, que dantes, funcionava como consultora para qualquer tipo de organização. Atualmente, procura funcionar como “Innovation House”. A origem da Hack & Hustle está correlacionada com uma frase de Peter Drucker “If an organisation is not able to innovate it faces decline and extinction”. Por inovação entenda-se: Implementar (e não pensar ou criar) uma nova solução para um problema e criar valor (tudo o que os stakeholders, tipicamente os clientes, estejam dispostos a pagar é o que se entende por ser valor)”. Atualmente, as diretrizes ao nível do Propósito e da Visão da empresa são:

Propósito – “Nós acreditamos em inovar para um mundo verdadeiramente sustentável. Inovação Responsável é a única forma de incorporar efetivamente a “Triple bottom line”: lucros (profits), pessoas (people) e ambiente (environment). A Inovação é crucial na sobrevivência dos Negócios  mas é também fulcral na sobrevivência do nosso estilo de vida, hábitos e até do planeta”.

Visão– Fortalecer organizações e indivíduos de forma a inovarem e a alcançarem um crescimento sustentável. Como? Fazendo-o num prisma de 3 vertentes:

·         O que é inovação?
·         Porque é que devemos inovar?
·         Como é que nós podemos inovar?

Mas qual é o consumidor alvo da Hack & Hustle? “Os nossos clientes são organizações que querem inovar. Desenvolvemos programas feitos à medida para cada um deles. O nosso foco está agora em corporates que para inovar precisam de ser tão ágeis quanto uma startup.”, afirmou David Cruz e SilvaAs 2 vertentes de atuação da empresa são:
  1.  A validação do projeto;
  2. O desenvolvimento do projeto.
A Hack & Hustle procura atuar sobretudo numa vertente de operacionalizar estes processos da melhor forma possível, mais do que atuar a nível estratégico (havendo, no entanto, casos em que atue nos dois níveis).


O Projeto mais recente - Blog Untamed Potential

De referir ainda que a Hack & Hustle criou recentemente um novo Blog, chamado Untamed Potential, que está focado na criação de valor para pessoas que estão a começar a aventura de serem empreendedores ou que querem um dia fazê-lo. Neste blog, o David partilha a sua experiência com startups e tenta ao máximo maximizar as hipóteses de sucesso dos leitores e minimizar os riscos. Tem insights valiosos e por isso, caso o queiram visitar, sigam o link: www.untamedpotential.com

A equipa Hack & Hustle

Por último, falta falar da equipa Hack & Hustle, que é constituída pelo David e pelo Cristovão, irmão do David, os 2 co-fundadores, e por uma investigadora na área da Biomedicina e lead investor com experiência internacional na Europa e América do Norte. A investigadora e o Cristovão (PHD em Física de Partículas, que já trabalhou no CERN, muito experiente em new product development nas áreas tecnológicas) têm elevado know-how técnico, sendo que o David, que é o CEOtraz muito know-how ao nível de gestão e da parte comercialÉ sem dúvida uma equipa que se complementa da melhor forma!

Conselho final do David e um ensinamento a retirar para o futuro

O David, no fim da conversa, deixou ainda um conselho aos meus leitores: “O mais importante é querer evoluir sempre, continuar sempre a tentar ser melhor, de forma humilde. Reconhecer sempre que há espaço a melhorar e que esse é um caminho fulcral ao sucesso”.

Foi realmente espetacular conhecer o David e toda a realidade da Hack & Hustle e, por inerência, conhecer sem dúvida ao pormenor o mundo das startups! É realmente interessante notar que esta oportunidade surgiu de um simples pedido de conexão no LinkedIn e, daqui, queria também deixar um conselho: por vezes, da mais ínfima conversa ou diálogo pode surgir uma oportunidade esplêndidaNunca ignorem/menorizem a importância de dialogar com alguém. Só se não o fizerem é que sabem que nada acontecerá. No entanto, se, por outro lado, o fizerem, tudo pode acontecerao limite, do outro lado, poderá estar sempre um potencial cliente/futuro colaborador/pessoa com a qual possam evoluirExperimentem!

Até uma próxima leitura meus caros!

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